terça-feira, 27 de abril de 2010

A educação, a sociedade e outras coisas...


A década de 90 é marcada por uma série de reformas educacionais e implementação de programas, como os programas de avaliação. Essas reformas trazem a idéia de qualidade a partir de uma perspectiva produtivista (numa lógica empresarial, da competitividade). Em contra partida, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE/RJ) tem defendido a idéia de que a escola pública deve ser uma “escola de qualidade social” (numa lógica dos movimentos sociais, da solidariedade). Isso demonstra que existe uma disputa a respeito do conceito de qualidade da educação. E os programas de avaliação, relacionados às reformas educacionais baseiam-se em uma avaliação externa, quantitativa e produtivista.
As propostas neoliberais em educação agem a partir de dois princípios: a execução de reformas institucionais e na formação de um novo senso comum. O discurso neoliberal afirma não ser necessário o aumento de recursos para a educação, pois isso levaria a um desperdício, por conta da improdutividade, ineficiência e ineficácia da gestão pública (GENTILI, 1996). Dentro desse discurso, o número de professores, escolas e material didático já seriam suficientes para alcançar a todos, e, o que deveria ser feito é uma melhor utilização desses recursos. Assim, “qualidade” se torna a palavra chave (do discurso neoliberal ), em detrimento da idéia de “igualdade”.
Essa idéia de qualidade é marcada pelo produtivismo. Atingir metas, garantia da freqüência escolar e fixação de conteúdos selecionados das disciplinas seriam a certificação que a escolaé produtiva . Por isso a necessidade da avaliação educativa. O que traz imbricada a lógica mercantil: da competitividade, dos rankings, na tentativa de enfraquecimento do movimento sindical, que tem uma perspectiva de educação contrária a neoliberal. O conceito de accountability (responsabilização) é importante para entender essa realidade. Esse termo traz a responsabilização dos sujeitos participantes do processo educacional, fazendo com que os professores sejam responsabilizados pelo sucesso ou fracasso do aluno, gerando uma competitividade entre eles, no qual a maioria é seguida de prêmios e gratificações, dependendo da classificação da instituição. Deixando de lado a visão libertadora da educação e fortalecendo a educação bancária (FREIRE, 1983), no qual abre-se mão da autonomia pedagógica e contrapõe-se a perspectiva de educação como processo emancipatório.
Deve-se atentar para essa tentativa de criação de fábricas repletas de conhecimentos tecnicistas e de sujeitos passivos ao mundo.
"Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las
e recriá-las" (Paulo Freire)

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